Três homens morrem na mesma cisterna em menos de uma hora

Nunca passou pela cabeça de seu Florêncio Galvão de que perderia um filho e dois amigos no mesmo dia tentando recuperar sua carteira que fora roubada e jogada dentro de uma cisterna. A tragédia aconteceu na Vila Batista na manhã da última segunda-feira e comoveu a comunidade do vilarejo. 

A informação da morte de três pessoas dentro de um poço abalou os moradores do Distrito de Vila Batista, no município de Santa Maria das Barreiras, na manhã da última segunda-feira (29). Pedro Paulo, 40 anos, Antônio Neto, 27, e Gilvan Silva Galvão, 39 anos, foram às vítimas da tragédia que causou muita comoção aos moradores. No dia anterior (domingo) seu Florêncio estava em um bar quando teve a carteira roubada. O meliante jogou a carteira na cisterna que fica nos fundos do bar de propriedade de uma senhora de prenome Gláucia.

As vitimas tentavam encontrar uma carteira: Os três homens tentavam resgatar a carteira porta cédulas com documentos de Florêncio Galvão, pai de Gilvan, que havia sido jogada no poço dias atrás por um ladrão que praticou o furto dos documentos. Depois de obterem informações de que o ladrão havia jogado a carteira dentro da cisterna, que estava com bastante água, os três amigos resolveram esgotar a água utilizando um motor bomba.

Insistência na busca: De acordo com informações de parentes e amigos de uma das vítimas, Gilvan, já havia feito uma tentativa de encontrar a carteira na manhã anterior fazendo uso do motor bomba para esgotar a água do poço. Sem obter sucesso na tentativa, ele resolveu continuar com a procura da carteira na manhã de segunda-feira (29), repetindo todo o processo de esgotamento da água com o motor e logo em seguida desceu em busca da carteira porta cédula que continha toda documentação de seu pai. 

Assim que encontrou a carteira desmaiou: Após um bom tempo procurando no fundo do poço, Gilvan conseguiu encontrar o objeto pelo qual procurava, e após colocar a carteira no bolso e dar sinais de que iria subir desmaiou. Foi quando Pedro Paulo resolveu descer pela corda para socorrer o amigo que estava desmaiado no fundo do poço. Tão logo chegou junto ao amigo, Pedro Paulo, também apresentou sinais de que estava passando mal e acabou desmaiando também.

Morreu tentando salvar os amigos: Mesmo sabendo do perigo que estava correndo, o jovem Antônio Neto, resolveu descer e tentar salvar os dois companheiros que apresentavam sinais de desmaio no fundo da cisterna. A ação altruísta de Neto foi presenciada por parentes e amigos que se encontravam ao redor do poço, mas sem poderem fazer nada para salvá-lo. De acordo com os relatos, Antônio Neto, desceu e ainda conseguiu amarrar a corda no corpo de Gilvan, que ainda dava sinais de estar respirando, mas morreu logo após ser retirado de dentro do poço.

Desmaiou com a falta de oxigênio: Pessoas que de cima assistiam a luta desesperada de Neto, tentando resgatar o amigo Pedro Paulo, disseram que ele tentou amarrar a corda no corpo do amigo, mas ao abraça-lo também veio a desmaiar e acabou soltando a corda que estava segurando em uma das mãos.  Com medo, ninguém mais tentou descer no “poço da morte” para tentar resgatar os outros dois corpos de Pedro Paulo e Neto que estavam desmaiados no fundo da cisterna.

Bombeiros tiveram que usar máscaras: O resultado foi que os três amigos morreram asfixiado pela fumaça tóxica provocada pelo motor e também por gases existentes dentro do poço. Foi necessária a presença de uma guarnição do Corpo de Bombeiros  de Redenção para fazer a retirada dos corpos de dentro do poço. Os bombeiros tiveram que usar máscaras de proteção contra gases para poder fazer o regaste dos corpos que após serem regatados foram encaminhados para a cidade de Redenção para ser feita a autopsia por médicos do Hospital Iraci. Os corpos de Pedro Paulo e Antônio Filho ficaram por mais de três horas dentro do poço esperando pelos bombeiros, pois depois da morte dos três homens ninguém mais se arriscou a descer dentro do poço da morte.

A comunidade ficou abalada: A tragédia abalou o Distrito de Vila Batista, devido todas as vítimas serem moradores da vila e pessoas próximas umas das outras. Depois de ser feita o exame do laudo cadavérico os corpos foram trasladados para Vila Batista onde foi velado por parentes, amigos e populares da localidade. (Dinho Santos)