Brasília – Em uma semana, o Ministério Público do Pará (MP) deu entrada em duas denúncias que apuram a participação do médico gaúcho Alberto Beltrame, que foi ministro do Desenvolvimento Social (em 2018) e ex-secretário estadual de Saúde no Pará (entre 2019 e 2020), sobre sua suposta participação no “covidão do Pará” — esquema de direcionamento de compras de bombas de infusão (equipamento hospitalar) e, também, de uma aquisição de garrafas de álcool gel — que, na realidade, não teriam sido fabricados pela empresa contratada para esse fim.
Investigação
A investigação do MP é referente à gestão do médico gaúcho como secretário da Saúde do Pará, onde teria participado de direcionamento de compras e desvio de dinheiro.
Beltrame, até maio de 2020, presidia o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), função que deixou ao ser investigado pela Polícia Federal (PF) como participante de compra superfaturada de respiradores para doentes com covid-19, um negócio de R$ 50 milhões. Desde então, ele foi denunciado quatro vezes no Pará: uma pelo superfaturamento dos aparelhos de respiração (na qual virou réu), outra por aquisição de embalagens para álcool gel por meio de empresa que não prestou o serviço, outra novamente devido a aquisição de frascos de álcool gel com valor acima do mercado e uma última por direcionar compras de equipamentos hospitalares.
A outra denúncia é por improbidade administrativa.
Beltrame e o próprio governador paraense, Helder Barbalho (MDB), teriam
autorizado a compra de 1,6 mil bombas de infusão (usadas para aplicar soro,
anestesia e dietas parenterais), no valor de R$ 8,4 milhões. A contratação
teria sido direcionada para uma empresa de importação e exportação com dispensa
de licitação, em decorrência da necessidade de acelerar procedimentos de saúde
durante a epidemia de covid-19. A proposta da empresa teria sido superior aos
valores de mercado e a firma recebeu antecipadamente metade do valor previsto
no negócio, sem a concessão de qualquer garantia. Foram entregues 20 bombas a
menos que o contratado. Além disso, a nota fiscal do serviço foi feita antes
mesmo do início do processo de compra e sem cotação de preços (algo obrigatório
nesse tipo de aquisição pública). Por último, o contrato assinado não possui
data.
O médico Alberto Beltrame não respondeu aos
questionamentos da reportagem. Em relação às denúncias do ano passado, ele
assegurou, na época, não ter feito nada de errado. Nota do governo do Estado
garante que o MP está perseguindo o governador Helder Barbalho por razões
políticas. Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em
Brasília.
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