terça-feira, 6 de junho de 2017

Ministério Público Estadual vai investigar possíveis irregularidades financeiras na FAEPA

O núcleo de combate à corrupção e à improbidade administrativa do Ministério Público do Pará começou a investigar denúncias de irregularidades no Fundo de Desenvolvimento da Pecuária do Estado do Pará (Fundepec) e na Federação da Agricultura do Estado do Pará (Faepa), que há mais de 20 anos, vem sendo presidido por  Carlos Xavier há mais de 20 anos.

Entres as denunciais constam  a montagem de empresas em nome de familiares de Xavier e dele próprio, que utilizaria funcionários da Faepa como “laranjas”.
O Ministério Público  Estadual, está com um relatório pronto,  aguardando somente  a designação de um promotor para cuidar do caso.
Associados do Fundepec cobram transparência nas contas da entidade, que não tem fins lucrativos, mas é sustentada por recursos públicos e privados. O Fundo é constituído pelo Sindicato da Indústria da Carne e Derivados (Sindicarne), Sindicato dos Pecuaristas de Corte (Sindicorte), Superintendência Federal de Agricultura no Pará (SFA), Sindicato Nacional das Empresas Leiloeiras, Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuário e Pesca (Sedap), Conselho Regional de Medicina – Veterinários (CRMVZ/PA) e Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará ( Adepará).
Um   relatório revela que de   2014 ao primeiro trimestre de 2017,  mais de R$ 22 milhões caíram na conta do Fundepec.
Xavier tem se negado a prestar contas ao conselho fiscal e ninguém se atreve a cobrá-lo. Com média anual de repasses de R$ 7 milhões, a ausência dessa prestação de contas, nos últimos vinte anos, de acordo com estimativas, já acumula um montante superior a R$ 100 milhões.
Sentindo a pressão, Carlos Xavier, prometeu que durante o Encontro Ruralista, prevista para acontecer amanhã  quarta-feira (07), ele fará uma apresentação das contas do Fundepec. O encontro vai acontecer no auditório da Faepa. As informações são as de que a auditoria das contas de Carlos Xavier, foi realizado pelo Instituto Amazônico de Gestão Empresarial (IAGE), pertence a Helena Taddei Mendes, funcionária da Faepa-Senar, subordinada a Xavier.          O fato de Carlos Xavier não ter interesse em prestar contas dos recursos administrados por ele, tem causado revolta nos associados, que passaram a exigir informações sobre os recursos.

O presidente da Associação dos Criadores do Pará (Acripará), Maurício Fraga Filho, diz que o presidente da Faepa, não está respeitando o estatuto da entidade. “Consultei alguns membros do Conselho Fiscal e eles me falaram que nunca houve a prestação de contas. Então, no mínimo o presidente não está respeitando as obrigações do estatuto”, disse Fraga, definindo o fato como “um erro do Conselho”. De acordo com Fraga, o dinheiro repassado pela Adepará, uma das entidades filiadas ao Fundepec, deveria ser utilizado, entre outras coisas, em ações de defesa sanitária. O pecuarista lembrou que em Mato Grosso existe um fundo que mantém R$ 70 milhões em caixa para um eventual combate a surto de febre aftosa. No caso do Pará, porém, diz desconhecer se há qualquer recurso para uma emergência. Ele diz que se sente lesado.
Suspensão dos repasses:  O vice-presidente da Faepa, Luciano Guedes, foi um dos associados,  que questionou  a falta de prestação de contas da longa gestão de Xavier no Fundepec e na própria Faepa.  Guedes, no dia 4 de abril, mandou ofício a Xavier reiterando que fossem disponibilizadas não só à Adepará como aos demais associados do Fundepec, em até quinze dias, a obrigatória prestação de contas e ações desenvolvidas relativas aos exercícios de 2015 e 2016.
 Relatorio:  Ele também pediu um relatório parcial, referente ao primeiro trimestre de 2017, de todos os recursos recebidos e movimentados relativos à emissão de GTA (Guia de Transporte Animal) em todo o estado, bem como o correspondente Plano de Trabalho referente ao exercício de 2017. Em resposta, Xavier disse a Guedes, também por meio de ofício, não ser obrigado a fazer a prestação de contas, como estabelecido pelo decreto estadual 768. No entendimento dele, por ser um “fundo privado, recebendo contribuições espontâneas do produtor rural, conclui-se cristalinamente que os regramentos do decreto estadual 768, de 20 de junho de 2013, invocado por vossa senhoria, não se aplica ao Fundepec”.

No dia 27 de abril passado, Guedes, ciente da negativa de Xavier em apresentar as contas, enviou ofício ao procurador-geral do Estado, Ophir Cavalcante Junior, fazendo três pedidos. O primeiro, para “suspender imediatamente a retenção dos 30% do Fundepec, através de alteração da tabela 2 da portaria 5.158, de 22 de dezembro de 2014”; o segundo, uma auditoria imediata nos recursos transferidos e não prestado contas, de 2014 a 2016, e dos meses de janeiro, fevereiro e março de 2017; e, por último, a legalização de um fundo privado que venha a utilizar como instrumento de arrecadação a Guia de Trânsito Animal (GTA), “tornando obrigatória a prestação de contas através de lei”.

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