terça-feira, 29 de abril de 2014

Testemunhas de acusação são ouvidas no caso Dezinho, em Belém

Iniciou por volta de 8h30 no Fórum Criminal deBelém o julgamento do fazendeiro Décio José Barroso Nunes, conhecido como Delsão. Ele é acusado de ser o mandante do assassinato do sindicalista José Dutra da Costa, conhecido como Dezinho.

A primeira testemunha de acusação a ser ouvida foi a esposa da vítima, Maria Joel. Ela foi interrogada e falou sobre as condições de trabalho na fazenda do acusado. Ainda segundo Maria, muitos trabalhadores iam até o sindicato para denunciar as condições de trabalho escravo. Ela relatou que quem reclamasse do pagamento e dos salários atrasados, entrava na "lista negra" de Décio para morrer. A testemunha disse ainda que na fazenda havia um lago com jacarés, onde os corpos dos trabalhadores mortos eram jogados.
A defesa então alegou que o depoimento era pitoresco e que ela falava, mas nunca tinha visto o "lago dos jacarés" e que não poderiam se basear nisso. O advogado questionou por que ela prestou vários depoimentos diferentes e a esposa da vítima contou que estava muito abalada na ocasião.
Por volta das 10h20 houve uma pausa e o julgamento retornou com o depoimento de outra testemunha de acusação, que optou por depor encapuzada.
O crime aconteceu no dia 21 de novembro de 2000, em Rondon do Pará, sudeste do Estado. Dezinho era presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do município, e lutava pela desapropriação de terras para a reforma agrária na região. Segundo entidades ligadas aos direitos humanos, ele foi morto por denunciar práticas de trabalho escravo e apoiar famílias de sem-terras.
Trabalhadores rurais, movimentos sociais e pessoas ligadas ao fazendeiro Décio José Barroso Nunes acompanham o julgamento no Fórum Criminal. Muitas pessoas chegaram cedo ao local.
Entenda o caso
Este é o terceiro julgamento do caso Dezinho. Wellington de Jesus da Silva, que foi preso logo após o crime, foi condenado a 27 anos em regime fechado em 2006. Segundo a Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos, o réu teve progressão de regime em 2007, fugiu após receber indulto de natal e está foragido.
Em outubro de 2013, Domínio de Souza Neto e Lourival de Souza Costa foram julgados e absolvidos pelo mesmo crime. Todos os julgamentos do caso foram realizados em Belém. Décio Nunes, apontado como mandante do crime, teve o processo desmembrado, e por isso está sendo julgado apenas em 2014.

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