Uma comissão externa da Câmara dos Deputados chega hoje a São Félix do Xingu, município do Sul do Pará, para acompanhar e dar contribuições às investigações sobre o caso da morte do tratorista Welbert Cabral Costa, de 26 anos. O trabalhador foi morto há quase dois meses, no dia 24 de julho, na fazenda Vale do Triunfo, do Grupo Santa Bárbara. A empresa é vinculada ao Grupo Opportunity, que tem entre seus acionistas o banqueiro Daniel Dantas.
No grupo de deputados que participarão da visita estão os paraenses Claudio Puty (PT), Josué Bengtson (PTB), Giovanni Queiroz (PDT) e Wandenkolk Gonçalves (PSDB). "Este caso é emblemático, deve receber a atenção devida e não terminar em impunidade. Um trabalhador foi brutalmente assassinado na zona rural do Pará e, os envolvidos no crime são pessoas com grande poder econômico. Não podemos nos silenciar diante do desrespeito aos direitos humanos", afirma o deputado Cláudio Puty.
De acordo com o deputado Josué Bengston, a visita dos parlamentares da Câmara federal tem o objetivo de acumular mais informações sobre o caso e melhorar a perspectiva do congresso sobre o assunto. "Nós vamos nessa missão para ouvir todos os lados, conversando com a polícia e com outros envolvidos nas investigações, para levar essas observações e pontos de vistas para a câmara, onde também apuramos a morte de Welbert", disse. "E eu considero essa visita importante, também, porque ela pode interromper tantas especulações que se tem feito. Nós temos a oportunidade de ouvir o que realmente aconteceu, coletar para a Câmara informações oficiais sobre o caso", completou.
Apesar da suspeita de envolvimento no assassinato de funcionários de alto escalão da Agropecuária Santa Bárbara, nenhum mandante do crime foi apontado. O inquérito foi arquivado na última quarta-feira (11), depois que Divo Pereira e Maciel Nascimento confessaram a autoria do crime e se entregaram na delegacia da Polícia Civil em São Félix do Xingu.
Caso - Welbert Cabral Costa estava desaparecido desde o dia 24 de julho, quando teria sido assassinado depois de reclamar direitos trabalhistas em frente à Fazenda Vale do Triunfo, onde trabalhara. Afastado do serviço devido a um acidente, ele não teria recebido um valor de R$ 18 mil referente a indenizações trabalhistas, segundo o depoimento de familiares da vítima à polícia.
O tratorista teria ido à propriedade da Agropecuária Santa Bárbara para cobrar esse dinheiro. Após discutir na entrada da propriedade, Divo Ferreira teria aparecido na companhia de Maciel Nascimento, executado o trabalhador com um tiro na nuca e, depois, tentado esconder o cadáver em meio ao matagal da região.
De acordo com a Agropecuária Santa Bárbara, Welbert estaria com contrato suspenso e recebendo a remuneração pelo INSS, e já teria tido integralmente quitada qualquer pendência financeira.
A própria família da vítima iniciou as primeiras investigações sobre o assassinato, ao notar a falta do trabalhador, que não havia voltado pra casa, e abriu um boletim de ocorrência. Após a denúncia do crime por parte de organizações e movimentos sociais da região, as autoridades policiais intensificaram a apuração do caso.
Há cerca de três semanas, em 22 de agosto, a Equipe Caveira, da Polícia Civil, encontrou os restos mortais da vítima enquanto seguia atrás dos responsáveis. O corpo de Welbert foi reconhecido pelo irmão. Por estar amarrado, levantou-se a suspeita de que o cadáver teria sido deslocado após o caso ter ganho repercussão.
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