Ex-moradores da Gleba Las Casas, no município de Pau
D’Arco, participaram na última sexta-feira (07), de uma audiência pública que
discutiu a situação das mais de 115 famílias que foram desalojadas da área em
que estavam instaladas há mais de trinta anos e que estão com a situação indefinida
pelo Instituto de Colonização e Reforma Agraria (INCRA).
O evento que aconteceu na quadra esportiva
localizada no centro da cidade, contou com a presença do executor do INCRA de
Conceição do Araguaia Emivaldo Amâncio, Vania Marques, ouvidora do INCRA de
Conceição do Araguaia, Francisco Juscilé, defensor agrário federal, Mauricio
Cavalcanti, prefeito do município, e diversas autoridades do município. Os
participantes lamentaram a ausência do representante do ministério público
federal e do representante da FUNAI, parte envolvida diretamente no processo.
A principal pauta da audiência esteve relacionada à
situação das famílias que mesmo possuindo o título definitivo das terras
expedido pelo antigo ITERPA, foram despejados da área que se tornou área de
reserva indígena.
Impasse:
As famílias foram desalojadas há cerca de 6 anos, com a promessa de que o INCRA
iria recolocar cada família em novas áreas de assentamentos, e a FUNAI pagaria
as benfeitorias existentes nas propriedades. Passado mais de 06 anos apenas 20
famílias foram assentadas e poucas foram as que receberam o direito das
benfeitorias paga pela FUNAI. Emoção: muitos moradores que
participaram a audiência choraram no momento que expressaram a sua situação, de
cada morador que teve que deixar a região.
Nely Costa da Silva, 65 anos, disse que se sente
enganada pelo INCRA, pois o órgão a despejou e seus pais prometendo que iria
colocá-los em um assentamento com estrutura, e até os dias de hoje nada disso aconteceram.
Ela chorou ao relembrar que moraram 36 anos na região das Las Casas, e teve que
deixar pra trás tudo que foi conquistado com muito trabalho. “Hoje eu vivo com
depressão e vários outros problemas frutos da situação de abandono que o INCRA nos
colocou, lá nós tínhamos tudo e hoje a terra está abandonada e muitas famílias
querem ali residiam estão passando por problemas de saúde e outros até
faleceram de tanta tristeza’ desabafou Nely.
O produtor rural José Tavares de Souza, de 70
anos, é outro morador da região das Lãs Casas, que sofre com a desapropriação e
esperar ser colocado na terra que o INCRA prometeu. Segundo ele o dinheiro da
benfeitoria que existia na terra na qual ele morou mais de 30 anos e onde criou
filhos e netos, deu somente para comprar um barraco na cidade e nada mais, ele
aguarda a terra prometida pelo INCRA ou que o órgão paga o valor justo da terra
titulada e que por mais de trinta anos ele pagou todos os impostos. “Eu
gostaria de ter a minha terra de volta passei a minha vida toda produzindo e
fui impedido de continuar trabalhando na terra que eu comprei isso não é justo”
disse José, enquanto o filho mais velho mostrava a documentação da terra.
Promessa:
O representante do INCRA Emivaldo Amâncio, disse que o órgão está empenhado em
resolver o problema de todas as famílias, ele garantiu que dentro do prazo de
quarenta dias a situação de 30 famílias estará sendo resolvida, pois elas serão
assentadas no assentamento Escaladas Norte Juliana, no município de Xinguara e
que também o problema da Fazenda São João, para onde foram mandadas várias
famílias e que até hoje o fazendeiro dono da área não recebeu o pagamento da
desapropriação também será resolvido dentro do prazo de 40 dias. Uma nova
marcada para o mês de agosto para avaliar se o INCRA cumpriu ou deixou de
cumprir o acordo firmado na reunião. (Dinho Santos)
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