quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Depressão tem levado muitas pessoas a praticarem o suicídio na região


Olho - Em apenas uma semana aconteceram três casos de suicídio em três municípios do sul do Pará, todos ligados a situações depressivas. Em dois fatos as vítimas utilizaram uma corda para por fim a existência.


O primeiro suicídio ocorreu na cidade de Conceição do Araguaia, onde o bancário Jânio Lima Fontes, aproveitou o momento em que estava sozinho e se enforcou. O ato ocorreu na noite do sábado (10). O segundo caso aconteceu na manhã do último sábado (17), em Rio Maria, onde o corpo de José Pedro de Lima Reis, 30 anos, foi encontrado por populares, já sem vida. A vítima também utilizou um pedaço de corda para se matar. A terceira morte seguida, na mesma semana, foi registrada em Santa Maria das Barreiras, onde o borracheiro Josélio, desiludido com um relacionamento amoroso, resolveu tirar a vida ingerindo a substância venenosa utilizada para matar ratos, conhecida por ‘’chumbinho’’. Este produto tem a venda proibida, mas mesmo assim, ainda é encontrado em alguns comércios e supermercados. Nos dois primeiros casos, os familiares perceberam que as vítimas apresentavam sintomas de depressão. Mas, jamais imaginavam que eles seriam capazes de por fim a própria vida.  O borracheiro também foi outro que anunciou que estava pensando em praticar o ato tresloucado. Ele chegou a dizer por mais de duas vezes que planejava se matar. A ameaça foi dita para alguns amigos que ainda o aconselharam a parar de falar e pensar tamanha besteira. O certo é que a depressão tem sido a grande responsável por muitos suicídios nos municípios do sul do Pará.

Caso recente - Em Redenção, no dia 2 de dezembro passado, o vendedor de picolé Melquíades Honório do Nascimento, 60 anos, praticou o suicídio, usando uma corda, depois de ter uma briga com um filho. Na manhã do dia em que se enforcou, o ancião, após comprar alguns metros de corda em um supermercado, pegou um mototáxi e se dirigiu até uma área deserta, afastada de Redenção, e ao efetuar o pagamento da corrida, o picolezeiro disse para o mototaxista que aquela seria sua última viagem. Preocupado, o profissional acionou a Polícia Militar, que se dirigiu até o local onde o mototaxista havia indicado, e encontrou o homem com a corda na mão, tentando praticar o suicídio. Os militares lhe trouxeram de volta para a casa. Ao final do dia, o ancião acabou se matando com o mesmo pedaço de corda.   


 Pensamentos suicidas

Para esclarecer sobre a matéria que relata sobre o suicídio de três pessoas, em um curto espaço de tempo, no sul do Pará, a reportagem do Nosso Jornal procurou a Dra. Janaina do Vale Lopes, especialista em psicologia, que explica ao nosso leitor sobre a prática do suicídio.

Psicóloga
De todos os pensamentos negativos que uma pessoa pode ter, este é o mais significativo. O pensamento suicida aparece com uma frequência muito maior do que imaginamos. Pensar em suicídio não se refere apenas aos planos de morte, pensar em como seria bom se não estivesse sobre a face desta terra já é um pensamento suicida, pensar em como seria se tivesse um botão de desligar a vida, também é um pensamento suicida. Quando se chega a este ponto, fica claro que esta pessoa deve procurar uma psicoterapia, pois, mesmo que ela se considere “medrosa demais”, como muitos declaram para concretizar o suicídio, apenas o fato de pensar em não estar mais vivo já é algo muito significativo. Esta pessoa precisa, e merece, ajuda.

O pensamento suicida é sempre carregado de força... Um pequeno pensamento pode encher a nossa vida de valor e significado. Quando nos lembramos de bons momentos, sentimos uma leveza gratificante não é? Da mesma forma, até mesmo um pequeno pensamento de morte pode significar muito sofrimento. O pensamento em sua própria destruição surge quando a pessoa acredita que não há solução para seus problemas. Esse tipo de pensamento vem à mente em momentos de crise. A crise é identificada em meio à desorganização mental, estresse e sensação de incapacidade de solucionar os problemas da vida. O que provoca o sentimento depressivo não são apenas as coisas ruins que acontecem na vida da pessoa, que em psicologia chamamos de agentes estressores, que pode ser a morte de alguém, a perda do emprego, a discussão com a vizinha. O que realmente provoca a depressão é a avaliação que a pessoa faz do quanto ela pode enfrentar isso tudo. É o limite da capacidade de enfrentamento que causa a depressão. Cada um tem seu limite, pra uns o limite é mais elástico do que para outro, por isso, não adianta dizer: “Imagine ficar deprimido só porque aconteceu isso com ele, eu já passei por isso e não fiquei deprimido”. Cada um tem o seu limite, e quando passa esse ponto a pessoa entra em crise psicológica. Então, se há pensamento de suicídio, mais cedo ou mais tarde, esta pessoa se suicidará.
Na grande maioria das pessoas que se suicidaram houve um aviso, algo foi dito que demonstrasse pensamento suicida. O impulso para agir tem um tempo limitado, as ideias de morte persistem por algum tempo, mas ainda assim, normalmente a pessoa consegue resistir ao impulso de concretizar essa ideia, mas só o fato de ter o pensamento já demonstra a importância dessa depressão. Vale salientar que nem sempre há o desejo de morte, o desejo real é a eliminação do sofrimento e não da vida em si. Se percebemos este pensamento em um amigo ou familiar, devemos assim nos proceder. Não entre em pânico, fale com esta pessoa de forma tranquila, mas firme. Faça-a saber que ela é importante e que há pessoas que se preocupam com ela. Leve-a para psicoterapia imediatamente. Mesmo que você seja uma pessoa cuidadosa e saiba se relacionar muito bem, ainda assim, deve contar com atendimento psicológico profissional. Muitas vezes o desejo declarado de suicídio se refere muito mais à necessidade de saber o quanto se é amado pelas pessoas próximas. Muitas vezes o que impera é a necessidade em se perceber querido: ”Será que sentirão minha falta?” Mas, você não conseguirá determinar isto sozinho, portanto, não arrisque, ofereça tratamento.
Dra. Janaina do Vale Lopes
Psicóloga CRP: 10/03048
Especialista em Psicologia Clinica em Gestalt Terapia
Especialista em Psicologia do Trânsito
Especialista em Psicopedagogia





Nenhum comentário:

Postar um comentário