quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Caramujo africano hospeda a meningite, diz pesquisa

A revista científica Memórias do Instituto Oswaldo Cruz publicou um estudo sobre uma nova forma de meningite transmitida por parasitas que está se espalhando pelo país, informou ontem o jornal O Estado de São Paulo. A meningite eosinofílica já foi diagnosticada em seis estados, nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste. Desde 2006, foram 34 casos e uma morte. 


As formais mais conhecidas da meningite são a bacteriana e a viral. A forma eosinofílica é causada pelo verme Angiostrongylus cantonensis, e é transmitida por crustáceos e moluscos, incluindo o caramujo gigante africano. Os pesquisadores querem alertar os profissionais de saúde, uma vez que se trata de um parasita recente, identificado no Brasil há oito anos. Os casos ocorreram em São Paulo, Pernambuco, Paraná e Rio Grande do Sul.
“Os médicos não estão atentos a essa forma da doença, mais por falha  de educação e treinamento. Eles querem saber se a meningite é viral ou bacteriana, e não prestam atenção em outros agentes”, afirma o médico Carlos Graeff-Teixeira, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Os sintomas da meningite eosinofílica são semelhantes aos das outras: febre alta, dor de cabeça persistente, e menos frequente, rigidez na nuca. O que difere é o exame do liquor, líquido entre as meninges extraído por punção pulmonar. O aumento dos eosinófilos, que são células de defesa do organismo, é típico por infecção por parasita e verme. O tratamento é feito com corticoides para reduzir a reação inflamatória. O agravamento da doença pode deixar sequelas, como disfunção dos movimentos de braços e pernas, redução ou perda de visão e audição.
O artigo ainda mostra que o vetor mais frequente de transmissão é o caramujo gigante africano, que ingerem fezes de roedores contaminadas com larvas do verme. Quando se locomovem, liberam muco para facilitar o deslocamento, que também contém larvas. As pessoas podem ingerir esse muco em legumes, verduras e frutas mal lavadas. Ou se tocarem em frutas e vegetais contaminados, e depois levarem a mão à boca. A bióloga Silvana Thiengo, do Instituto Oswaldo Cruz, ressalta que medidas simples evitam a transmissão, como lavar as mãos com frequência e deixar as hortaliças e frutas de molho por 30 minutos, em um litro de água com uma colher de sopa de água sanitária. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário